terça-feira, 16 de maio de 2017

MÚSICO E ESCRITOR CARLOS MACHADO LANÇA DISCO INFLUENCIADO POR BAUDELAIRE



Sexto trabalho em sua carreira solo, DESencontro é uma homenagem e um diálogo com a cultural francesa.

“A literatura e a música são indissociáveis”. A afirmação do músico e escritor curitibano Carlos Machado fica clara em seu disco mais recente, DESencontro, trabalho fortemente influenciado pela cultura francesa, em especial pela chanson, gênero musical típico do país, e pela figura da mulher passante, criada por Charles Baudelaire (1821 – 1867) em seu clássico As Flores do mal (1857).

O álbum é o resultado das viagens que o cantor e compositor fez pela Europa e também da parceria com a letrista Isadora Dutra, pós-doutora em literatura na França. Segundo Machado, a colaboração deixou os arranjos mais ricos e intimistas. “Eu fiquei ainda mais melódico. A harmonia e a melodia mudaram por conta das palavras que ela [Isadora] usa”, explicou, relembrando que seu disco anterior, Bárbara (2015), já trazia alguns dos elementos que norteiam DESencontro.

As 11 faixas que compõem o CD são um diálogo com o amadurecimento de Carlos como músico e compositor e também da sua relação com a cidade e o espaço urbano. “Aquela”, música de abertura do disco, é um soft pop que bem serve de prólogo ao ouvinte, uma espécie de introdução ao tema que permeia todo DESencontro. “Faber” é uma canção de amor à la Chico Buarque ou Charles Charles Aznavour. A terceira faixa “Amasso” combina o contrabaixo jazzy marcante, que faz parte da obra de Carlos, ao espírito da chanson. “Le coeur cliché” é um delicioso quebra-cabeça harmônico e linguístico, no qual Machado brinca com a sonoridade das palavras em português e francês.

Seguindo o mote da chanson, “Imensidão em mim” e “Sem começo e nem fim” carregam a genialidade e beleza do ritmo articulado às letras engenhosas de Isadora Dutra.

“Cedo ou tarde” é um rock melodioso e romântico, como uma canção do Cazuza. Já o narrador de “Cristo e Mefisto” é um homem entre a cruz e à espada ao som de um acordeom virtuoso. “L'infini”, dueto com a atriz e cantora suíça Edith de Camargo, remete às melhores parcerias de Serge Gainsbourg. DESencontro encerra com “Distância” e “Minúcia”, faixas que mostram o caráter híbrido e habilidoso de Carlos Machado e sua banda.

Pertencimento

O amor é recorrente na obra do compositor, que explora o sentimento em suas mais diversas facetas. De acordo com Machado, ao tratar de não é preciso expandir fronteira, falando do amor do pais para com os filhos, das pessoas em relação a sua cidade e, claro do amor por si próprio. “O amor, de modo geral, é obviamente o sentimento mais importante que conseguimos expressar. Eu tenho bastante influência de canções como Lupicínio Rodrigues, Roberto Carlos, no início da carreira, passando até por Tom Jobim, Vinicius, o Chico. Todo mundo fala de amor”, definiu.

Ainda que o amor, e também o desamor, esteja em todas as músicas, DESencontro é um disco sobre pertencimento, sobre estar conectado a uma história íntima e pessoal. Nesse sentido, Carlos cria uma geografia própria e emocional, ligando o álbum aos livros Passeios (2016) e Esquina da minha rua, ainda inédito. São cenários que se repetem como se o narrador – dos contos, da novela e das canções – observasse o passar dos dias para que seja possível a quem tiver olhos e ouvidos. “Eu faço uma música urbana, buscando sempre novos caminhos”, comenta Carlos.

Produzido por Murillo Da Rós, que acompanha Machado desde a estreia em carreira solo com Tendéu (2008), DESencontro é uma trilha sonora refinada e elegante para o caos urbano e do labirinto de relações e sensações trazidas e criadas pela cidade.

Sobre o autor

Carlos Machado é escritor, professor, cantor e compositor. Publicou os livros A Voz do outro (2004, 7Letras), Nós da província: diálogos com o carbono (2007, 7Letras), Balada de uma retina sul-americana (2008, 7Letras), Poeira fria (2012, Arte & Letra) – considerado um dos melhores títulos daquele ano – e Passeios (2016). Integrou a banda Sad Theory, participando dos discos The Lady and the torch (2002), A Madrigal of sorrow (2004), biomechanical (2006) e Descrítica patológica (2012).

Em 2008, iniciou carreira solo, rendendo os álbuns Tendéu (2008), Samba portátil (2010), Longe (2012), o DVD ao vivo Longe e outras canções (2012), o trabalho em espanhol Los Amores de paso (2013) e Bárbara (2015).

www.carlosmachadooficial.com

www.youtube.com/carlosmachado1977

www.facebook.com/carlosmachadooficial

Serviço
DESencontro
Carlos Machado
Produzido por Murilo Da Rós
R$ XX

Disponível também:
Spotfy
iTunes
Bandcamp

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