MESMAS COISAS credito PAULA MORAIS |
O projeto MESMAS COISAS, que se monta a partir do livro homônimo inédito de Manoel Carlos Karam, inicia uma série de apresentações gratuitas em quatros espaços alternativos da cidade, a partir do dia 10 de março, afim de compartilhar com o espectador experiências e procedimentos usados durante todo o processo de criação, engajando diferentes profissionais e múltiplas ações performativas.
As apresentações se ramificam em quarto espaços de Curitiba, sendo: Centro Cultural SESI Heitor Stockler de França, Casa Hoffmann, Companhia Brasileira de Teatro e Apê da 13.
Para além das apresentações, o projeto propõe encontros com o público num formato de fronteiras borradas, onde cabe uma peça, uma serenata, uma performance, uma exposição, um filme, tudo isso numa espécie de quebra cabeças, um puzzle, uma farra! diria o Karam, um jogo sem fim entre os textos do Karam e as nossas obsessões ordinárias.
Também em março, acontece o lançamento do site do projeto (www.mesmascoisas.art.br). Um espaço destinado à documentação do processo e às memórias sobre o autor. Luci Collin, escritora e professora doutora na UFPR, além de participar do projeto como testemunha ocular da história, vivenciando ensaios e interagindo com textos criados em tempo real, colabora ativamente na composição do conteúdo do site.
Esse projeto tem incentivo da Fundação Cultural de Curitba e Banco do Brasil, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
O PROJETO
O projeto MESMAS COISAS está desenvolvendo diversas ações a partir da obra que o inspira: um livro ainda inédito de Manoel Carlos Karam intitulado MESMAS COISAS.
Não há pretensão de reprodução fiel ou de sacralização ou de adaptação do texto literário para o palco. A proposta é atritar o conteúdo e a forma e talvez, com sorte, provocar uma chama. (Chamem os bombeiros!)
OS ARTISTAS
Michelle Pucci (atriz, cantora e idealizadora do projeto), Marc Olaf (músico), Nadja Naira (diretora e atriz), Luca Fischer (artista visual), Luci Collin (escritora), Cris Conde (figurinista), Beto Bruel (iluminador), Isadora Flores (diretora de produção), Mariana Freitas (produtora), Elisa Ribeiro (assistente de direção), Alan Raffo (cineasta), Paula Morais (fotógrafa), Fernando de Proença (assessoria de comunicação) e outras tantas pessoas que acompanham as ações e ensaios abertos movimentando diálogos sobre o processo, a criação e o autor.
Artistas reunidos com o objetivo de construção de uma teia de ações para além da sala de ensaio: intervenções nos muros da cidade; um roteiro de peça; um filme com roteiro do Karam; uma exposição de fotografias; uma serenata numa carroceria de caminhão de mudança etc. Tudo cabe no etc dizia o Karam. E, claro, a partir da relação entre essas diferentes mídias e integrando o projeto, a proposta também habita o mundo virtual das redes sociais (facebook, instagram, site) gerando conteúdos sobre o processo de trabalho.
AS AÇÕES PROCESSUAIS
Das discussões em sala de ensaio a equipe identifica algumas das obsessões do escritor e se concentra em algumas questões: quais as nossas obsessões? Quais os nossos medos? Jogar alguma coisa na lata de lixo? Encontrar a palavra exata, a imagem exata, a descrição exata? Procurar verbetes no dicionário? Fazer aviõezinhos de papel, bolinhas de papel? Medos e obsessões viraram farras. E quais farras gostamos de farrear juntos?
As ações do projeto MESMAS COISAS iniciaram-se em novembro de 2016, na Casa de Leitura Manoel Carlos Karam mantida pela Fundação Cultural de Curitiba no Parque Barigui. Um flash mob de leitura proposto por Valêncio Xavier na orelha do livro “Comendo Bolacha Maria no dia de São Nunca”.
Em janeiro de 2017, foram espalhados pela cidade lambe-lambes, colagens criadas pelo arquiteto Luca Fischer, que também assina a identidade visual do projeto.
Também a decisão de abrir os ensaios da peça para o público. "Quisemos abrir, escancarar a sala de ensaio, a peça, as portas. Ao invés de apresentar um resultado pronto depois de meses, achamos que seria mais karaniano expor a obsessão do processo, as experiências", afirma a atriz Michelle Pucci. "Nós oferecemos algumas cenas que surgem ao público que generosamente nos oferece um olhar diferente, que serve de material para outras cenas, numa ação circular sem fim", completa a diretora Nadja Naira.
Em fevereiro um filme comecou a ser rodado, dirigido por Alan Raffo com Michelle Pucci, Marc Olaf, Edson Rocha, Muhammad Chab e Luca Fischer no elenco. "Karam era obcecado por cinema e por fazer roteiros de filme, e nos escritos inéditos das "Mesmas Coisas" há várias sugestões de roteiros. Aceitamos como desafio e decidimos experimentar transformar em filme", diz a diretora Nadja Naira.
O cancelamento da Oficina de Música e a verba reduzida para o Carnaval de Rua de Curitiba provocou e inspirou a equipe a fazer músicas e com elas serenatas pelas ruas da cidade. Cantora e pianista foram vistos, em fevereiro, na carroceria de um caminhão de mudanças. Verdade ou ficção?
E as farras não acabam por aí. Luci Collin, escritora e professora doutora na UFPR, participa do projeto como testemunha ocular da história, vivenciando ensaios e interagindo com textos criados em tempo real e colaborando ativamente na composicao do conteudo do site.
OS ESPAÇOS
O projeto tem uma série de apresentações marcadas em diferentes espaços na cidade, propositalmente, é claro. A busca por espaços culturais alternativos, ou até mesmo a rua, para as ações e intervenções, é um dado fundador do projeto. Karam não era convencional ou tradicional, era experimental. O autor morou durante anos na Rua São Francisco no centro de Curitiba, transitava frequentemente pelo Largo da Ordem, era um transeunte, uma pessoa que ocupava o espaço público. Circulava livremente entre meios e linguagens, formas e espaços.
"O autor permite e requer a interação ativa do leitor durante a leitura de suas histórias sem começos nem fins, e nós queremos também tentar propor uma relação assim borrada, direta, aberta, íntima e por que não, talvez até ativa da plateia", provoca Nadja Naira.
O INÍCIO
O projeto MESMAS COISAS surgiu a partir da monografia apresentada por Michelle Pucci como requisito para a graduação em Letras pela Universidade Federal do Paraná, em 2015. Na época, ela apresentou um trabalho sobre a literatura de Karam e seus desdobramentos, procurando dentro da obra do escritor o seu potencial cênico e as possibilidades de transposição da literatura ao palco. Na defesa contou com a orientação da professora doutora e escritora Luci Collin e colaboração de Nadja Naira.
Nadja e Michelle já realizaram outros projetos a partir da obra do autor como: a leitura dramática de "Encrenca" (2007) que contou com a presença do próprio Karam na plateia, o disco "Respiro " contendo uma música com letra de Karam (Roquenrol) e uma crônica que mistura a voz de Michelle e do próprio Karam (Inviável), a peça "A cidade sem mar" (2016) com produção da companhia brasileira de teatro dentre outras ações.
SOBRE O KARAM
Nascido em 1947 em Rio do Sul (SC), mas radicado em Curitiba desde 1966, Manoel Carlos Karam era escritor, dramaturgo e jornalista, tendo trabalhado nos principais veículos de comunicação do Paraná, como TV Paranaense, TV Educativa, Gazeta do Povo, O Estado do Paraná, Rádio BandNews e também na Prefeitura de Curitiba.
Publicou diversos livros: “Fontes Murmurantes”, “O impostor no baile de máscaras”, “Comendo bolacha maria no dia de são nunca”, “Pescoço ladeado por parafusos”, “Encrenca”, “Sujeito Oculto”; e outros tantos foram publicados após sua morte em 2007: "Jornal da guerra contra os taedos", “Godot é uma árvore”, "Algum tempo depois" e "Um milhão de velas apagadas". Em 1995 recebeu, pela obra "Cebola", o Prêmio Cruz e Souza de Literatura.
Antes de se dedicar à literatura, nos anos 80, Karam escreveu e dirigiu peças de teatro como “O avião parte às 5”, “Urubu”, “Esquina de 7 de setembro com 31 de março” e “Doce Primavera”, na época em que esteve à frente do Grupo Margem, grupo de teatro experimental criado em 1973 e que teve como integrantes figuras importantes no cenário artístico da cidade como o iluminador Beto Bruel, o cartunista Luiz Antonio Solda, o jornalista Dante Mendonça, entre outros.
SERVIÇO:
10, 11 e 12 de Março de 2017, 19h
Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França
Av. Marechal Floriano Peixoto, 458 41 3322-2111
ENTRADA FRANCA
17, 18 e 19 de Março de 2017, 19h
Casa Hoffmann
R. Dr. Claudino dos Santos, 58 | São Francisco | Curitiba - PR | 41 3321-3228
ENTRADA FRANCA
24, 25 e 26 de Março de 2017, 19h - 7 e 8 de abril de 2017 21h
companhia brasileira de teatro
R. José Bonifácio, 135 - sala 1a | São Francisco | Curitiba - PR | 41 9 9958-7310
ENTRADA FRANCA
31 de Março e 1 de abril, 17h 2 de abril 21h
Apê da 13 - R. 13 de Maio | São Francisco | Curitiba - PR | 41 9 9958-7310
ENTRADA FRANCA
AGENDAMENTOS DE ENTREVISTA E MAIS INFORMAÇÕES: Fernando de Proença (41) 9 9996.5292
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