quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

COLÉGIO MEDIANEIRA COMPLETA 60 ANOS DE EXCELÊNCIA HUMANA E ACADÊMICA

A formação integral acontece por meio das múltiplas linguagens e dimensões do conhecimento.  Foto Paulinha Kozlowski.
A instituição jesuíta de educação é reconhecida pela sua formação ampla, crítica e com um importante olhar para a justiça social.

Por Jonatan Silva

O dia 24 de fevereiro marca os 60 anos de fundação do Colégio Medianeira. Idealizada pelo P. Oswaldo Gomes, após pedido do governador do Paraná, Bento Munhoz da Rocha, no início da década de 1950, a instituição nasceu com o objetivo de ser uma presença pedagógica marcante e a garantia de um ensino de qualidade no estado.

Nessas seis décadas de dedicação à excelência humana e acadêmica, mais de 60 mil alunos e alunas passaram pelo Medianeira. Ao longo dos anos, muitas foram as propostas educativas, entretanto, todas formulavam uma só reposta: a formação ampla, crítica e humana. Na visão de Carlos Alberto Jahn, Diretor Geral da instituição, o sentimento que simboliza esse momento é o de gratidão. “É a hora de agradecermos às famílias e ao povo curitibano por acreditar na educação da Companhia de Jesus e do Medianeira”, reflete.

Para o Diretor Acadêmico do Colégio, Fernando Guidini, o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da Companhia de Jesus – pautado na tradição, mas com um importante olhar investigativo para o futuro – é responsável por dar identidade e propriedade à instituição. “O PPP está situado no chão da cultura, em um contexto específico, composto por pessoas com vidas, vontades, com aquilo que é próprio da existência humana”, comenta o educador, que completa relembrando que o Medianeira é um projeto de vanguarda “por responder às várias dimensões do formar integral.”

Consciência


A proposta educativa do Medianeira, alicerçada na pedagogia jesuíta, segue os desafios dos tempos, se mantendo atualizada aos questionamentos e colocando em evidência a educação humanizadora e o desenvolvimento pleno do sujeito. Em outras palavras, o currículo que o aluno vê em sala de aula precisa estar em consonância com os apelos do dia a dia, do mercado de trabalho, da justiça social e, claro, do seu crescimento pessoal.

“Em termos de presente e futuro, nós estamos trazendo habilidades, competências, aprendizagens e conhecimentos que respondem aos desafios da educação hoje e para os próximos anos”, revela Guidini.

Em toda a sua história, o Medianeira sempre prezou pela formação humana, social e política, ensino crítico, criativo e reflexivo, possibilizando que alunos e alunas lessem e interpresassem as diferentes realidades segundo o contexto em que estavam inseridos e inseridas. Segundo Gilberto Vieira, Diretor Acadêmico, uma instituição de ensino é instigada a formar homens e mulheres atentos aos demais, envolvidos com a casa comum, e com a consciência de seu papel de protagonista por acreditar que outro mundo é possível.

A prática de uma postura proativa é necessária para uma sociedade mais justa e fraterna. De acordo com a sempre-aluna e arquiteta Marcelle Borges, os conhecimentos adquiridos e as aprendizagens vivenciadas em seus anos de Medianeira foram fundamentais para o despertar de um raciocínio crítico e de preocupação com o outro.

“Uma das coisas mais importantes que aprendi dentro do Colégio foi ter um posicionamento, não ficar esperando, e saber que temos de fazer com as próprias mãos”, conta Marcelle que, atualmente, é Diretora Operativa da ONG Teto, responsável pela defesa do direito de moradores de áreas com vulnerabilidade social. De acordo com Borges, o desejo de mudar surgiu da vontade de usar o que aprendeu na escola e na faculdade em favor do bem-estar dos demais.

Carlos Alberto Faraco, linguista, professor e escritor, relembra que os 12 anos nos quais estudou no Medianeira, foram fundamentais para a sua trajetória como pessoal e também como profissional. “Sempre me senti muito seguro nos estudos e no trabalho. E quando estive, pelas circunstâncias, exercendo cargos de direção, me foram muito úteis as vivências que tive no colégio, em especial o chamado para a ação responsável e socialmente comprometida”, recorda.

Para toda a vida


Estudar no Medianeira é fazer parte da comunidade educativa para toda a vida. Muitos grupos de sempre-alunos se reúnem para relembrar os dias em que foram alunos. Não são raros os casos em que estudar no Medianeira faz parte da tradição familiar.

O empresário e sempre-aluno Mauro Piazzetta afirma: “sou o que sou graças ao Medianeira”. Na sua opinião, frequentar o Colégio foi imprescindível para criar em si uma base sólida de fé, fraternidade e justiça social. “O Medianeira tem algo muito singular: se preocupar com cada aluno, individualmente”, explica e arremata: “a instituição me direcionou e direcionou meus filhos, que ficaram da Educação Infantil ao Ensino Médio”.

Essa relação acontece, antes de tudo, devido à confiança depositada na proposta pedagógica do Colégio. Fernando Guidini, por esse prisma, reitera que a Aprendizagem Integral e a preparação de sujeitos competentes, conscientes, compassivos e comprometidos. “Quando falamos em uma educação para os Direitos Humanos, para a sustentabilidade, para a globalização, para as tecnologias e para o pensar complexo são justamente as aprendizagens que se relacionam com o presente e futuro. Entretanto, só é possível trabalhar nessa perspectiva quando há um mapeamento de realidade e uma história solidificada”, ratifica.

Vida universitária


As aprendizagens, as vivências e as experiências partilhadas durante os anos de Medianeira são a preparação para o vestibular e também o ambiente universitário, fomentando o exercício acadêmico por meio dos trabalhos de pesquisa nas Unidade de Ensino e das parcerias com universidades.

O médico Sílvio Miranda, que estudou no Colégio durante toda a escolarização básica e escolheu o Medianeira como escola para seus filhos, observa na instituição uma inspiração para a carreira que optou. “Nunca vou esquecer as aulas de biologia que me influenciaram a ser médico”, revela Sílvio, que se dedica aos cuidados dos mais necessitados em uma Unidade Básica de Saúde em Curitiba.

Miranda pontua ainda a importância da instituição em seu ingresso na faculdade de medicina. “O Medianeira sempre teve uma estrutura voltada à universidade, com seu conteúdo e abordagem” e completa: “fui guiado na minha vocação profissional, social e de fé”.

Os alunos do Medianeira se destacam nos cursos universitários pela criticidade e pela disciplina com os estudos. “Os egressos do Medianeira têm sim um diferencial quando ingressam na universidade. Durante todo meu tempo de professor da UFPR sempre pude constatar isso. São alunos que sabem estudar, são críticos e participativos”, assinala Faraco, que também lecionou no Colégio. Segundo o educador, isso é fruto da preocupação da instituição com formação para a vida.

Rede Jesuíta

No final de 2014, a Companhia de Jesus criou a Rede Jesuíta de Educação (RJE), responsável por gerir os colégios jesuítas em todo o mundo. Somente no Brasil são 18 escolas, colégios e creches, 6 universidades e 14 instituições de educação popular, somando mais de 30 mil alunos.

Para Jahn, integrar a RJE significa comungar de iniciativas e parcerias que nascem localmente mas reverberam ao redor do mundo. Em outras palavras, o Medianeira é unidade da RJE sem deixar de contribuir com os sonhos e anseios de Curitiba. Nesse sentido, o diretor relembra que várias lideranças de Curitiba e do Paraná foram alunos do Colégio e atualmente protagonizam mudanças em prol de um mundo mais fraterno.

No decorrer destes 60 anos, o Colégio Medianeira se manteve atento ao seu tempo, ressignificando os processos de aprendizagem e fortalecendo a relação entre os diferentes membros da comunidade por meio de uma educação para a cidadania e da construção coletiva do conhecimento.

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